terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

 

O Despertador dos Sonhos

Noite escura, sem céu nem estrelas. Uma noite de ardentia. Estava tremendo. O que seria desta vez? A resposta veio do fundo. Uma enorme baleia, com o corpo todo iluminado, passava exatamente sob o barco, quase tocando-lhe o fundo. Podia ser sua descomunal cauda, de envergadura talvez igual ao comprimento do meu barco, passando por baixo, de um lado, enquanto do outro, seguiam o corpo e a cabeça.  Emergiu-se nas aguas deixando a cauda em cima da água por causa da sua grandeza.

Com o seu movimento verde fosforescente iluminando a noite, nem me tocou, e iluminada seguiu em frente. Com as mãos agarradas na borda, estava completamente paralisado por tão impressionante espetáculo— belo e assustador ao mesmo tempo.

Acompanhava com os olhos e a respiração seu caminho sob a superfície. Manobrou e voltou-se de novo, e, mesmo maravilhado com o que via, não tive a menor dúvida: voei para dentro, fechei a porta e todos os respiros, e fiquei aguardando, deitado, com as mãos no teto, pronto para o golpe. Suavemente tocou o leme e passou a empurrar o barco, que ficou atravessado a sua frente. Eu procurava imaginar o que ela queria.

Pois, o bicho era como um despertador das noites, sensação estranha que nunca tinha visto antes, até me parecia que o meu mundo terminasse ali. Entretanto o momento era in esquecível, mas o medo era ainda maior pois o sonho é o despertador da imaginação.

 

 

 

Nozinha Fernandes

 

 

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